Antes de iniciar a terceira etapa do Programa MAGIS de Formação Teológica para a CVX Latinoamericana em Santo Domingo, optei por fazer uma visita ao Haiti. O que me levou a tal opção?
Praticamente, aproveitar o fato de que iria à República Dominicana, país com o qual o Haiti compartilha o mesmo espaço geográfico – uma ilha; conhecer a única nação em que os africanos feitos escravos venceram a luta por liberdade e independência; aprofundar minha experiência de formação que, no estudo eclesiológico, voltou-se para o diálogo da Igreja Católica com o negro, suas crenças e cultura.
E assim cheguei ao Haiti. Desafios foram inúmeros pelo caminho: viajar sozinha; não falar francês ou crioulo (línguas oficiais do país); estar em um lugar marcado pela pobreza e por infraestrutura precária.
Mesmo em meio a revezes, Deus é bom! E em vários momentos pude perceber o seu cuidado e providência: a comunicação facilitada pelo contato com religiosos que falam espanhol e português; a acolhida do povo haitiano; o clima estável (com pouca chuva) e paisagens belas (sobretudo de montanhas; aliás o nome “Haiti” significa “cidade alta”).
Durante minha estada neste país, estive na cidade de Fort Liberté, acompanhando as atividades de um padre chamado Rochenel, e na capital, Porto Príncipe, com irmãs dominicanas e um oblato. Na primeira cidade, conversei com agentes e coordenadores da Pastoral da Criança sobre a importância do leigo, a CVX e a encíclica Laudato si, do Papa Francisco. Na segunda, ajudei a fazer comida em uma escolinha para crianças de 3 a 4 anos, e conheci trabalhos e pessoas maravilhosas, como um hospital pediátrico e religiosas brasileiras que desenvolvem um projeto de economia solidária.
Comer uma comida simples e sem agrotóxicos, ouvir tambores em uma missa, olhar mulheres lavando suas roupas no rio, estar em um lugar como um migrante/estrangeiro, atravessar estradas de terra resvalosas, não ter energia elétrica durante a noite, celebrar um funeral, beijar o rosto de uma criança… Distintos sentimentos, imagens, sons me marcaram durante a viagem. Igreja, mulheres, feminismo, relacionamentos, trabalhos conclusivos do MAGIS, política, machismo, preconceito racial… Que alegria poder dialogar e partilhar um pouco da minha vida e missão!
Nestes 10 dias de visita ao Haiti pude perceber concretamente as fronteiras estabelecidas em Assembleia Mundial da CVX: ecologia (sobretudo no lixo espalhado nas cidades); pobreza e globalização (gerada e mantida por questões geopolíticas); família e juventude (no trabalho da Pastoral da Criança).
Agradeço a Deus por este presente! Agradeço especialmente aos padres Rochenel, Gabriel e Honore; às irmãs Consuelo e Glória; a Swandsuze e Mona; a Nádia (religiosa africana e assessora de uma CVX no Haiti). E ofereço este escrito às vitimas do terremoto ocorrido em 12 de janeiro 2010, dentre estas, à brasileira Zilda Arns.
Rosa A. Caraça (magista e membro da CVX Profeta Peregrino, João Pessoa-PB)
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