Vinicius Riechi e Katiane dos Santos receberam o envio da comunidade local, regional e nacional para participar do MAG+S 2023, em Portugal. O encontro mundial organizado pela Companhia de Jesus reúne a juventude (pessoas entre 18 e 35 anos de idade) da família inaciana, de todas as partes do mundo – e acontece dez dias antes da Jornada Mundial da Juventude 2023 em Lisboa.
Eles partilharam a experiência que tiveram durante o MAG+S 2023. Veja abaixo a partilha em cada dia do MAG+S 2023 e para ver as fotos e vídeos clique aqui.
Veja as partilhas da Jornada Mundial da Juventude 2023 neste link.
Hoje foi um dia mais livre e de diversão. Pela manhã tivemos oração comunitária e um momento cultural e de reflexão, com o Michael Martínez, jesuíta que estuda no Brasil atualmente e está na nossa delegação. Ele é conhecido como o “jesuíta rapper”, conhecem ele?? Vou colocar o YouTube aqui embaixo. Foi muito legal, ele fez uma atividade de interação e reflexão sobre o “louvar, amar e referenciar”, cantando rap nas três línguas do Magis (Inglês, pq nasceu nos EUA, espanhol, pq é de família cubana, e português, pq está vivendo no Brasil). Durante a tarde, foi aberto um stand da CVX aqui na Vila Magis e recebemos a visita de muitos cevequianos.
A lista de países tá aumentando: Taiwan, Peru, Portugal… Parte da delegação tbm aproveitou o tempo livre para passear e conhecer Lisboa. No final do dia tivemos missa de envio para as experiências e apresentação do Jesuítas acústico, com Pe. Cristóbal Fones. Durante toda a noite até agora pela manhã, os grupos estavam saindo para as experiências na Espanha e Portugal. Até sábado, estaremos em atividades de Peregrinação, Espiritualidade, Socioambiental, Cultura ou Serviço social. Kati está indo para Vila Real, no norte de Portugal, para uma experiência de solidariedade e serviço. Eu vou para Coimbra, para uma experiência de peregrinação. Retornaremos para Lisboa no sábado.
Hoje chegamos em vila real no final da tarde, teve missa com o pároco daqui e outro jesuíta dos EUA e foi muito legal, pois a missa foi campal em um lar de idosos, com isso, ouve a interação com eles e deu para sentir a troca de alegria e carinho,.. após isso, nos reunimos em grupos de partilha do dia, e mais tarde depois do jantar, participamos um pouco da festa aqui da paróquia São Mateus, muito animada, e junto disso todo o grupo que está aqui e divertiu ( o nosso grupo tem jovens da Austrália, Equador, portugueses, mais um país que não lembro e nós do Brasil…)
Tenho sentido Deus nas pequenas coisas, em todo cuidado, carinho e atenção, como também consolação nas partilhas…teve uma ressonância que ficou a frase para mim, estamos cansados ( pois caminhamos por um bom tempo de manhã com malas e tudo) , porém com a alma e coração em paz e feliz.
Por aqui, chegamos em Coimbra por volta do meio dia e durante a tarde fizemos algumas dinâmicas para nos conhecer. Por aqui temos pessoas da Austrália, Irlanda, Croacia, Filipinas, Portugal, Timor Leste, Espanha e Polônia. Depois fizemos um tipo de caça ao tesouro na cidade para conhecer alguns lugares históricos. Fazendo as rondas no final do dia, o sentimento predominante é parecido com o da Kati, apesar do cansaço e sono, estão todos animados e agradecidos pela riqueza que há na diversidade e nesses momentos que estamos vivendo.
Nesta quarta nos deslocamos até uma zona mais rural na região de Coimbra e fizemos uma parte da caminhada em trilhas na floresta e outra parte nas estradas locais. Fomos convidados a caminhar uma parte em silêncio, rezando individualmente, e outra parte em duplas, partilhando os frutos da oração. O tema era a parábola do semeador (Mt 13, 1-9, 16-17) e fomos provocados a imaginar nossos corações como um pedaço de terra. Uma boa terra é composta por organismos vivos e mortos, assim como ela, na vida, precisamos deixar que coisas morram e outras vivam para manter nosso coração saudável e nossa vida equilibrada. No meu momento de vida, sinto meu coração muito fértil para receber sementes, mas também sinto que há espaço para escuta-lo melhor e agir conforme o que ele indica. Além do mais, a caminhada foi mais desafiadora, com muito calor e muitas subidas e decidas, o que fez com que o grupo precisasse de mais empatia e interação para não deixar ninguém pra trás. Visitamos o Convento de Santa Maria de Semide, onde fomos privilegiados em escutar uma menina de 15 anos tocando um órgão de mais de 400 anos. Depois celebramos a missa e fizemos os círculos Magis no Santuário de Nosso Senhor da Serra. Por fim, fizemos um jantar das nações, um master chef mundial. Cada país preparou um prato ou bebida típico para provarmos um pouco de cada lugar. Obviamente, a mais adorada foi a caipirinha 🇧🇷, mas concluímos que a verdadeira vencedora do concurso e também maior riqueza do mundo é a diversidade.
Tivemos um dia livre, visitamos viniculas, montanhas altas, cidade de Lamego e lá subimos as escadarias da igreja de nossa senhora do remédio… Em todos os momentos foi lindo de partilhas, o sentir e tocar de Deus nas pequenas coisas, simplicidade e humildade de santo Inácio nos caminhos…
Pessoalmente tive uma sensação muito grande de paz, conexão maior com Deus, ver Deus em cada detalhe e saborear os momentos, também conversei com Leoni uma portuguesa que faz parte da equipe e aqui ela participa da Cvx Portugal e vivem em comunidade a espiritualidade inaciana…
Continuando nossa aventura, foi dia de experimentar o alvorecer na caverna. Sentir a brisa fresca, acordar como os pastores costumavam acordar há séculos atrás. Não foi uma noite confortável, mas a experiência foi recompensadora. Levantamos acampamento e seguimos nossa caminhada. Assim como no dia anterior, segui rezando a esperança e humildade, discernindo minha disposição e entendimento dessas coisas. Confesso que esperava um pouco mais de silêncio do grupo, para acordar e caminhar contemplando um pouco melhor o silêncio e os sons próprios desse lugar. Nosso grupo é cheio de energia, forte e alegre, então é difícil conter a animação do pessoal. Mas, certamente, o Espírito Santo também está presente nessa energia do grupo. Como nossa peregrinação está chegando ao fim, já experimento um mix de sentimentos, felicidade pela experiência vivida e tristeza por não poder aproveitar mais essas pessoas e lugares especiais. Mas tenho certeza que as memórias destes dias ficarão guardadas no coração para sempre. Outra coisa que contemplei nesse dia de caminhada foi o esforço das pessoas do nosso grupo que estão com dor ou sem plenas condições físicas e, mesmo assim, seguem firmes. Rezei pela saúde deles e os disse que são exemplo de perseverança. Terminamos a caminhada no Santuário de N. Sra. da Estrela e celebramos a missa em uma capela feita em meio as pedras característica da região. Por fim a noite, fomos presenteados por uma apresentação do fado tradicional de Coimbra, em frente a catedral da cidade.
Ontem foi nosso último dia de missão, terminamos a restauração da capela, passando mais uma demão de tinta, tirando pó, limpando chão, tirando os matos em volta da capela e cuidando de cada detalhe para deixar linda ela, e ficou… Ao final do dia, sensação de dever cumprido, alegria e paz no coração por saber que as pessoas daquela comunidade vão voltar a usar a capela para missas, orações e momentos que tiverem. Durante a noite, convidamos todos para um terço, com a comunidade e nosso grupo, e foi emocionante ver a alegria da comunidade ao ver a capela restaurada e linda, limpa, e depois confraternizamos.
Sinto uma felicidade muito grande por ver Deus agindo em cada momento, novamente nas simples coisas, mas também comigo, me ensinando lições pessoais, e me fazendo entender o por que dessa missão e serviço.
De tudo, o meu único desconforto foi a questão da língua, devido nosso grupo a maior parte falar inglês, as missas e tudo foi em inglês, e eu não entendendo nada, mas Deus é bom, nos círculos Magis colocou uma portuguesa que traduzia as partilhas para mim, e com a ajuda do Google tradutor consegui me comunicar melhor com 3 australianas e foi bem especial e feliz, e também os 4 meninos do nordeste que estão comigo nessa missão me ajudavam a entender as informações principais. ( Um dos aprendizados, chegar ao Brasil e aprender inglês 😅, hahahha)
Mas de uma maneira geral, só tenho a agradecer cada detalhe, aprendizado, momento vivido, dia que passou onde minha conexão com Deus e missão só aumentou, e a certeza de que estou no caminho certo, e fazendo o que Ele me pediu desde que aprendi a rezar pela espiritualidade inaciana, e naquele momento onde rezava a vocação, e a frase de discernimento veio : “Servir fora dos muros, e não dentro.” , Ele sabe de tudo! 🙏❤
Por fim, hoje dia 7, teve missa, foto com o grupo, e com a cvx, e estamos retornando a vila Magis, com um sentimento grande de gratidão a tudo!
Nossa experiência terminou com uma peregrinação urbana por alguns pontos importantes da cidade, conhecendo um pouco as lendas e histórias. Terminamos a caminhada na catedral, onde a líder do grupo contou um pouco da sua relação com essa igreja e nos ensinou detalhes sobre a construção. Uma das coisas que ela explicou que a estrutura e os altares sempre tem uma característica comum. Começam retos, com linhas retas, até que há uma divisão e a estrutura passa a ficar mais circular. O maior exemplo são as cúpulas sempre sustentadas por pilares quadrados/retangulares. As linhas retas representam os humanos, as linhas circulares/curvas representam Deus e sua infinitude. A segunda coisa são os anjos pintados ou esculpidos. Eles sempre estão apontando para Deus. Nas igrejas jesuítas, eles sempre estarão apontando para a para Jesus.
No meu primeiro dia em Coimbra eu partilhei sobre a memória afetiva que eu estava fazendo desse lugar que eu morei há 8 anos atrás. Nesse último dia, andar pelas ruas da cidade foi um boa despedida. Os sentimentos que prevaleceram foram de alegria e gratidão por estar aqui, sentindo Deus presente o tempo todo, um pouco de sono e as pernas cansadas. O intercâmbio de culturas, idiomas, pensamentos e fé foi maravilhoso, é como se em uma semana eu tivesse visitado os 4 cantos do mundo.
Minha prece na oração de hoje foi direcionada às pessoas que compartilham essa “vida de Deus” comigo, na CVX, no MAGIS, na família, e que não têm o privilégio de estar aqui, para que todos nós consigamos continuar construindo um futuro cheio de esperança.
Fechamos o dia com um show de boas vindas a Vila Magis novamente.
Conseguimos dormir um pouco mais e descansar as pernas. Na vila Magis se nota uma maior integração e um clima geral de consolação, certamente provocado pelas experiências vividas durante a semana. Pela manhã fizemos uma rodinha de partilha entre a delegação brasileira, para todos compartilharem como estavam voltando das experiências. No final da manhã foram oferecidos workshops e o GT mundial de jovens da CVX fez um momento de oração. A capela estava cheia e pudemos compartilhar o nosso carisma com outras pessoas, explicando o que é a CVX e conduzindo uma oração e rondas de partilha em 3 idiomas (PT, EN, ES). Foi muito gostoso estar em união mais uma vez com essa comunidade sem fronteiras. No grupo de língua portuguesa estavam moçambicanas que contaram que a CVX iniciou por lá há apenas um ano e estavam sedentas em conhecer mais. Essa mesma atividade será repetida durante a JMJ, como parte do programa oficial, aberta a todo o público, no dia 01/08. A noite foi momento de celebração, com o festival das nações, onde boa parte das delegações fizeram apresentações culturais. Mais uma vez ficamos encantados com a riqueza que há na diversidade presente nesse lugar.
Dia 10 – Do Magis para JMJ
Segunda foi o último dia na Vila Magis. Dia de arrumar a bagunça, fazer tudo caber mala de novo. Pela manhã tiramos a foto oficial do evento, depois o Pe. Geral da Companhia, Arturo Sosa, respondeu a perguntas feitas por jovens, cada um de um continente. A Beatriz, de São Paulo, representou a América do Sul e perguntou sobre o desemprego juvenil e a precarização das condições de trabalho após a pandemia. Sosa respondeu que esse é um tema que não é recente e que todos nós devemos ter muito claro a importância de agir em busca da justiça social e bem universal. Outra pergunta que me chamou a atenção foi sobre a vocação leiga e como a Cia. de Jesus tem trabalhado para desenvolver e integrar essa vocação. Sosa respondeu que entende a igreja como um corpo humano, na qual não todos os órgãos precisam estar funcionando para que o todo funcione plenamente, então vocações religiosas, leigas, obras, etc. precisam andar juntas. No fim dessa roda de conversa, eles apresentaram o Magis Futures, que pretende ser um movimento global de jovens de espiritualidade inaciana. Ele se referiu ao movimento como “a versão atual do grito de Inácio aos seus: «Ide jovens e incendiai o mundo!”
Nós da CVX ficamos nos olhando e pensando, “será que a CVX não seria uma resposta mais fácil e concreta pra fazer isso?”. De qualquer forma, é mais uma iniciativa para botarmos no radar e buscar integração.
Para encerrar o Magis, tivemos a missa em celebração a Santo Inácio, com os 2000 participantes e também a comunidade inaciana local. Um celebração muito bonita, cheia de energia. Na homilia, Pe. Arturo Sosa utilizou S. Inácio e o profeta Jeremias como imagens do modo como Deus pode chegar a cada um de nós, arrancando-nos dos nossos sonhos e nos transformando num peregrino em direção a algo novo. No meio de tantas resistências, Jeremias e Inácio experimentaram a alegria íntima do encontro e é isso que nós também podemos alcançar. Ele também brincou, contando que Inácio era chamado de “o louco”, louco por Cristo, e que nós também precisamos dessa loucura. Pra mim, a parte mais emocionante da missa foi o rito africano ao fim da comunhão, foi de arrepiar. Gravei uma parte, mando aqui embaixo.
A tarde nos mudamos para o alojamento da JMJ, bem pior do que o colégio. 🥴 Mas faz parte da experiência! Deixamos nossas coisas lá e fomos rapidinho ao centro da cidade, onde celebramos uma segunda missa de Santo Inácio, junto com companheiros(as) do Brasil. A primeira impressão é de que a JMJ será ao mesmo tempo incrível e caótica hahaha há muita gente e a cidade não parece estar tão preparada, ao mesmo tempo que há uma integração muito bonita de culturas e presença evidente de Deus.